Num estudo publicado pelo Pediatric Neurology foi
avaliada a influência da mastigação excessiva diária de goma de mascar em
crianças mais velhas e adolescentes com dor de cabeça crônica,
ressaltando o impacto da descontinuação do hábito e da sua reintrodução.
A pesquisa foi liderada por Nathan Watemberg, médico do Child Neurology
Unit and Child Development Center, do Meir Medical Center e da Tel
Aviv University, em Israel. Pacientes com dor de cabeça crônica e que têm
o hábito de mascar chicletes em excesso foram convidados a preencher
questionário referente às características da dor de cabeça, possíveis
gatilhos, história familiar de dores de cabeça e
características de uso das gomas de mascar. Estes indivíduos foram classificados
em quatro grupos em função do número de horas diárias que mascavam chicletes.
Todos os participantes descontinuaram o hábito de mascar chicletes durante um
mês e o reintroduziram após este período. Foi realizada nova entrevista após 2 a
4 semanas.
Os resultados mostraram que dos trinta pacientes (25 meninas) recrutados, a
idade média foi de 16 anos e a maioria tinha dor de cabeça do tipo enxaqueca. Após a descontinuação de uso do chiclete, 26 relataram uma melhora
significativa, incluindo a resolução da dor de cabeça em 19 deles! Vinte
pacientes dos 26 que relataram melhora dos sintomas inicialmente e que reinstituíram o hábito relataram recaída dos sintomas em poucos dias,
cerca de uma semana. Os pesquisadores acreditam que o
hábito de mascar chiclete em excesso possa desencadear a dor de cabeça, não pela ingestão
de aspartame, contido na
goma de mascar, como já foi sugerido anteriormente, mas por colocar a articulação temporomandibular em um esforço excessivo.
Embora o estudo seja pequeno e avaliações futuras devam ser feitas, no
presente trabalho verificou-se que o excesso de chiclete por dia pode estar
associado à dor de cabeça crônica
e deve receber mais atenção na literatura médica. A conscientização do paciente
e do médico sobre esta associação pode ter um impacto significativo sobre a
qualidade de vida de crianças e adolescentes com dor de cabeça crônica que mascam
chiclete excessivamente. Os estudiosos ainda sugerem que se o exame neurológico
das crianças e adolescentes estiver normal e o hábito de mascar chiclete em
excesso estiver presente, os médicos devem sugerir a descontinuação do uso antes
de solicitarem procedimentos diagnósticos e terapêuticos caros para avaliar e
tratar as dores de cabeça nesta
faixa etária.
Fonte: Pediatric Neurology, volume 50, de janeiro de 2014
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